quinta-feira, março 30, 2006

 

Letras & Lutas

Cheguei agora a casa numa fúria "daquelas"...-tudo isto devido a uma «desavença»(vulgo, discussão) que tive com uma conhecida que trabalha numa editora. Dizia ela que a publicação de poemas em Portugal estava completamente fora de questão, porque o mercado não era nada receptivo a isso, e mesmo crónicas, só se fossem de autores muito conhecidos, porque senão o público não ia gostar.
Digo eu: que se saiba, o António Lobo Antunes, por exemplo, não nasceu embrulhado em folhas de papiros escrevinhados (ou será que nasceu?) Como é que as pessoas podem gostar duma coisa que não lhes é dada a experimentar, da mesma maneira - como é que alguém se pode tornar conhecido se não lhe derem uma oportunidade.
Dou por mim a pensar em «lixo visual» como a Quinta das Celebridades, o Circo das Celebridades (que até têm algum fundo de verdade, uma vez que metade dos participantes que por lá passam são verdadeiros animais, enquanto a outra metade faz juz ao nome de «palhaço»...) e outros programas que tais, nas obras de elevado valor literário da Margarida Rebelo Pinto (que, não obstante, se tornaram best-sellers, ainda que provado que os livros não passam de copy/paste uns dos outros) e realmente, se calhar é por culpa de mais pessoas como esta senhora com quem «debatia ideias» que as pessoas não têm acesso a materiais minimamente bons.
Repito: como é que alguém pode saber se gosta ou não duma coisa que nunca leu, e por outro lado, como querem que as pessoas se cultivem um bocado mais se só lhes impingem porcarias?!
Não percebo. Não percebo e não me conformo. Portanto aqui deixo a minha opinião, nomeadamente de que "Crónicas" não é um género literário assim tão desprezível - muito pelo contrário, se o escritor é ainda um amador, torna a leitura mais acessível, e se agora está tanto na moda darem-se apoios culturais ao teatro e às artes em geral, que se pense também na literatura e nas dezenas de jovens autores talentosos que deve haver por esse país fora, à espera da sua vez. E agradecia que deixassem a vossa, porque se calhar, se isto chegar aos «olhos certos», pode ser que se abra uma brecha neste muro de betão que é o da cultura-chunga-pró-povão.

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