segunda-feira, agosto 28, 2006

 

«Onde fica o aeroporto?»

Depois do abalo que a minha personalidade sofreu com a colocação dum aparelho fixo na cremalheira (vulgo, dentes), o meu amor-próprio esta semana foi elevado até aos píncaros;
Era uma e meia da tarde quando saí à rua a fim de dar uma volta com os meus cães, antes de ir passar o resto do dia à praia (há que queimar os últimos cartuchos do verão, não é...) Uma simples volta ao quarteirão. Estava eu na minha hora-ecológica, a pôr as garrafas no ecoponto, quando um carro se detém na rua, e um estrangeiro de sotaque francês, com relativamente bom ar, me pergunta como consegue ir dali para o aeroporto, que está perdido no bairro.
Lá lhe dou umas instruções meias primárias, já que ele não percebia muito de português, e à despedida, em lugar dum «obrigado», o tipo diz «olhe, tenha cuidado com o vento que lhe levanta a saia e se vêem as cuecas.O que até lhe fica muito bem»
Desconcertada, limitei-me a encolher os ombros e dizer-lhe que não se preocupasse, que era só o fato-de-banho. Continuei a minha caminhada, a pensar no quão atrevidotes andavam os "ucras" (abreviatura de «ucranianos», que engloba - de caminho - todos os emigrantes de leste), quando de novo sou interpelada com um «Olhe, desculpe». Dei um salto brutal, que não estava nada à espera que o «amigo» estivesse estacionado meia dúzia de passos à frente. «É que não percebi muito bem o caminho». «Maauuu», pensei eu, «ou o gajo é burro, ou aqui à coisa».
Havia coisa, e não era pouca. Pouco depois de me acercar do carro para repetir a explicação, percebi que o anormal se estava a dedicar ao seu... «vício íntimo» digamos assim. Pela minha parte, não sabia se havia de me partir a rir pelo rídiculo da situação, se desatar a chorar pela deprimência da mesma, ou desatar aos berros, como é próprio do histerismo a que o sexo feminino costuma ser votado.
Sem ninguém à vista apesar de ser hora de almoço, acabei por dar meia volta e ir em passo acelerado para casa, já que contar com os cães para lhe darem uma dentada no «coiso» estava completamente fora de questão, mais depressa lhe saltavam para o colo e lambuzavam a cara. Sentia-me furiosa por não haver nenhum homem nas redondezas que assentasse naquele grandecíssimo porco um murro no focinho!
Já é a segunda vez este ano que isto me acontece, e estou longe de ser uma pessoa que se vista de forma ousada ou provocadora, e é por estas e por outras que se podia considerar a castração dos tarados sexuais, (potenciais) violadores, exibicionistas ou simples voyeurs. Só para ter a certeza que não caíam na tentação...

 

Casino Lisboa

Ainda não tinha tido oportunidade de visitar o Casino de Lisboa, e na sexta feira passada, aproveitando que estava perto, dei lá um salto.
Passava pouco da meia noite e já não havia uma mesa vaga para se beber um copo no bar do piso térreo. Decorria um espectáculo com raios lazer quando entrámos. Subindo até ao terceiro piso, encarrapitei-me no varão que dava para a pista e senti-me meia tonta. Não, não tinha bebido nada, era mesmo a vista turva devido ao facto do bar estar construído sobre três círculos concêntricos que giram lentamente em direcções opostas!
Entretanto o número com os raios lazer já tinha acabado, à nossa frente descia agora uma plataforma suspensa por cabos que aterraria no centro dos referidos círculos, ao mesmo tempo que um holofote iluminava Aldo Lima, o humorista participante no «Levantan-te e Ri», que na hora seguinte proporcionaria à assistência alguns momentos cómicos através duma stand-up comedy.
Até ao fim do mês, decorrerão shows do género, com entrada gratuita, que sempre servem para espairecer um pouco depois do jantar ou dar uma volta com amigos, e é sempre uma boa alternativa ao já tão batido cinema ou - pior ainda! - comodismo de ficar em casa a «pastar» frente à novela!

 

Voo 93

Recriando o que se supõe ter acontecido com um avião que não chegou a embater no Capitólio, no dia 11 de Setenbro de 2001, devido aos passageiros se terem dado conta que eram alvo duma operação terrorista e se terem revoltado contra os assassinos, tendo conseguido que a aeronave se despenhasse num descampado agrícola, este filme, que no fundo funciona mais como documentário, tenta recriar praticamente em tempo real, o que se passou nessas horas.
O elenco é composto em parte por familiares das vítimas, o que dá, por um lado uma maior emotividade ao pânico que é sentido a bordo, e nos telefonemas que são feitos para casa, a fim de se despedirem dos entes mais queridos, a partir do momento em que as pessoas se apercebem que o avião em que viajam não vai mais aterrar.
Por outra parte, papéis há que são desempenhados pelos detentores reais dos cargos, como é o caso do dirigente da torre aérea de controlo.
Na minha opinião, estes dois traços trazem, não só autenticidade a um filme que já de si trata de factos verídicos, como é uma forma original de prestar homenagem às vítimas, sem nunca as tornar "heróicas" ao longo da fita (erro em que caem muitas vezes as pessoas quando tentam evocar actos levados a cabo por falecidos).
Talvez pelos efeitos especiais a que o cinema já tanto nos habituou, o espectador se sinta um pouco "desiludido", pois as cenas são pobres em espectacularidade. Ainda assim, a crueza da realidade retratada é capaz de compensar essa simplicidade, levando-nos a reflectir mais uma vez sobre aquele que foi o maior ataque terrorista alguma vez conjecturado.

 

Back to the teen's

Andava eu tão contente com o fim do curso, tão satisfeita com este novo estatuto de «recém-licenciada», prestes a familiarizar-me com o (novo) tratamento de «sôtora», eis senão quando um acontecimento inesperado e arrebatador entra em cena para - maravilha das maravilhas para 99,9% das mulheres - me roubar uma dezena de primaveras de idade, de volta aos anos da adolescência.
Como será isso possível?
Ora bem, ter vinte e três anos (quase vinte e quatro) e usar óculos, não apresenta qualquer especialidade. Montes de gente é zarolha. Para mais, «marrona de Direito», poucos são os licenciados que escapam à saga dos quatro-olhos.
Agora VOLTAR (sim, porque nem sequer sou estreante) a colar uns tão horríveis quanto desconfortáveis «brackets» na dentuça, com um ferro a apertá-los a todos, num conjunto muito pouco estético a que se chama de «aparelho fixo»...enfim...para isso é que «já não tenho muita idade»!!!
A maioria das pessoas tem sido extremamente gentil, dizendo que isto «quase não se repara», que «até é bastante discreto», mas eu bem vejo os esgares de dor (virtual, porque a real, quem a aguenta sou eu!) com que se contorcem de cada vez que miram o dito-cujo; mas isso é só agora no início, pois mal me apanhem com um pedaço de alface que fique inadvertidamente dependurado ao final dum almoço, sempre quero ver quem é que vai ter cara de me dizer «Olha aí o enfeite verde...»
Vinha pelo caminho a pensar, que só faltava um ortopedista lembrar-se que também ando com os pés tortos, e receitar-me umas fantásticas botinhas ortopédicas da «bambi», com que eu iria deslumbrar juízes e magistrados aquando das escalas no tribunal, enquanto alego (aos perdigotos) os direitos que reivindico para o meu cliente, a par dum "faiscante" olhar, resultado dum raio de sol reflectido nas minhas lunetas.

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