sábado, abril 01, 2006

 

Fórum: Cidadania Aberta

Serve esta iniciativa para apelarmos à nossa consciência cívica e vermos o que podemos fazer para melhorar o sítio onde vivemos.
A minha proposta é apresentar alguns exemplos do que NÃO devemos fazer através de algumas imagens ilustrativas que fui captando aqui no bairro, e convidava-vos a partilhar a mesma experiência, ou seja: a «lapónios», juntar-se-iam «campo ouriquenses», «benfiquistas, «alcantarenses», etc.etc.
Ora apreciem:

«Javardices Lapónias»
Este lugar onde o renault 5 está parado parece muito inofensivo, certo? NÃO! Eis alguns exemplos de como podem ficar os carros lá parados, cortesia das "tias" míopes condutoras de jeeps que lá passam; e apesar do espaço ser perfeitamente razoável para o todo o terreno não carecer de provocar estragos...
Um farolzinho partido...
...ou uma frente amassada (que isto há de tudo, é à escolha do freguês!)
Seguem-se os «lugares manualmente reservados» (num bairro onde a média de carros por família de 2 pessoas ronda os 3...) - na placa pode ler-se um pomposo «por motivo de trabalho (inexistente, asseguro-vos!!), é favor não estacionar. Obrigado» (Assinado: Anónimo)
Aqui a estratégia usada é a da "demarcação com baldinhos", fins de semana e feriados incluídos.

quinta-feira, março 30, 2006

 

«Elogio ao amor»

É o título da última peça escrita por Miguel Esteves Cardoso (MEC). Sendo demasiado longa para reproduzir aqui (nem é essa a ideia, e quem queira pode sempre consultá-la no seu suporte original, periódico onde o autor supra citado escreve), deixo apenas a minha humilde crítica:
MEC começa por demorar dois parágrafos para se explicar sobre o que vai escrever; o artigo peca (e em demasia) por generalizações - as tais que são perigosas por correrem grandes riscos de injustiça ; a cautela/racionalidade subjacente a gestos tão simples como o casamento com regime de comunhão de adquiridos é confundida com «parvas burocracias», como se amor fosse sinónimo obrigatório de estupidez!(Eu, pessoalmente, sou muito pragmática, e - até como jurista - acho da maior ingenuidade «fiar-se na Virgem» e crer que o Amor é tudo...)
Chama aos namorados de hoje mimos tão queridos como «embrutecidos», «cobardes» e «comodistas»; «raças de telefonadeiros», «tomadores de bicas» ou «romanticidas». Querem um exemplo de como a generalização FALHA? Ora vejam: sou de Lisboa, e há 6 anos conheci um rapaz do Porto por quem me apaixonei. Durante 4 anos namorámos à distânca, vendo-nos uma vez por mês, a uma média de dois telefonemas por semana. Por duas vezes se tentou mudar para Lisboa sem sucesso, mas como não há duas sem três (e à terceira é de vez), no ano passado conseguiu-o, e desde então alugámos um T1 onde moramos juntos - dá para me explicarem onde está o acomodamento, o embrutecimento ou o cobardismo da situação? É que eu não consigo ver... E, não chegasse o meu testemunho, posso ainda citar de memória, uma relação Lisboa-Sevilha, outra Lisboa-Cádiz, ambas com mais de 1ano de duração. Um namoro Polónia-Alemanha e outro Alemanha-Reino Unido, os dois com uma duração semelhante ao meu.
Mais à frente, que o amor «não é para nos compreender, não é para nos ajudar, não é para nos fazer felizes». Estaria tudo bem, não foram os "nãos" apostos antes de cada oração - então qual é a ideia: termos namorado(a) e passarmos a vida na merda, perdidos por esquinas e vielas, com pensamentos suicidas e ideias tristes? Para isso mais vale só do que mal acompanhado, caramba!
Last but not least, completa com a cereja em cima do bolo: que «a vida mata o amor» (já alguém viu mortos apaixonados?) e «(...) só 1minuto de amor pode durar a vida inteira. E valê-la também». (e o que é que fazemos dos outros setenta e tal anos de existência?Suspiramos enquanto revivemos, pela enésima vez na memória, aqueles preciosos 60 segundos de Amor Puro?)
Tenham lá paciência, mas nada Amor não é nada disto, e arriscava os meus all-star de estimação em como esta "pérola literária" só foi publicada dado o conceituado autor!
É por estas e por outras que não concordo que só se dê voz a escritores conhecidos - tanto lirismo, tanto mel, e tão pouca significância no conteúdo...

 

Letras & Lutas

Cheguei agora a casa numa fúria "daquelas"...-tudo isto devido a uma «desavença»(vulgo, discussão) que tive com uma conhecida que trabalha numa editora. Dizia ela que a publicação de poemas em Portugal estava completamente fora de questão, porque o mercado não era nada receptivo a isso, e mesmo crónicas, só se fossem de autores muito conhecidos, porque senão o público não ia gostar.
Digo eu: que se saiba, o António Lobo Antunes, por exemplo, não nasceu embrulhado em folhas de papiros escrevinhados (ou será que nasceu?) Como é que as pessoas podem gostar duma coisa que não lhes é dada a experimentar, da mesma maneira - como é que alguém se pode tornar conhecido se não lhe derem uma oportunidade.
Dou por mim a pensar em «lixo visual» como a Quinta das Celebridades, o Circo das Celebridades (que até têm algum fundo de verdade, uma vez que metade dos participantes que por lá passam são verdadeiros animais, enquanto a outra metade faz juz ao nome de «palhaço»...) e outros programas que tais, nas obras de elevado valor literário da Margarida Rebelo Pinto (que, não obstante, se tornaram best-sellers, ainda que provado que os livros não passam de copy/paste uns dos outros) e realmente, se calhar é por culpa de mais pessoas como esta senhora com quem «debatia ideias» que as pessoas não têm acesso a materiais minimamente bons.
Repito: como é que alguém pode saber se gosta ou não duma coisa que nunca leu, e por outro lado, como querem que as pessoas se cultivem um bocado mais se só lhes impingem porcarias?!
Não percebo. Não percebo e não me conformo. Portanto aqui deixo a minha opinião, nomeadamente de que "Crónicas" não é um género literário assim tão desprezível - muito pelo contrário, se o escritor é ainda um amador, torna a leitura mais acessível, e se agora está tanto na moda darem-se apoios culturais ao teatro e às artes em geral, que se pense também na literatura e nas dezenas de jovens autores talentosos que deve haver por esse país fora, à espera da sua vez. E agradecia que deixassem a vossa, porque se calhar, se isto chegar aos «olhos certos», pode ser que se abra uma brecha neste muro de betão que é o da cultura-chunga-pró-povão.

quarta-feira, março 29, 2006

 

A Geração «low cost»

Estava eu lendo o jornal, calma e pacatamente, quando dou de caras com um artigo sobre estas convulsões sociais/juvenis que se têm vindo a dar em França, a propósito da nova lei de (primeiro) emprego, que permite o despedimento sem justa causa com um pré-aviso de apenas 2 semanas.
Em França denota-se um franco sentido participativo que em Portugal «nem vê-lo»: as manifestações são vistas como "coisas de arruaceiros" ou "uma perda de tempo, de quem não tem que fazer", claro que assim não vamos longe...
De volta à dita lei, fez-me bastante lembrar os finalistas de Direito, que todos os anos são às centenas, uma vez que esta é a licenciatura com mais cursos no país, que estudam durante cinco anos para depois se verem perante a humilhante situação de fazerem um estágio (obrigatório) de 2 anos muitas vezes não remunerado. Se muitos não têm as habilitações necessárias, a culpa é do Ministério da Educação, que não devia autorizar a abertura sucessiva de privadas com este curso, para além de que devia diminuir o numerus clausus de entradas nas públicas, já que o número de estudantes está a decrescer. Porque não o fazendo, só está a criar expectativas numa micro-população que acabará frustrada, senão explorada.
Mas como a maioria se contenta com muito pouco e já considera que «é uma sorte ter emprego, no estado em que isto está», não se insurgem e trabalham uma média de 10/12 horas por dia, às vezes apenas com subsídio de alimentação, para não perderem a experência e na esperança de um dia «darem o salto». E que tal uma manifestaçãozinha, a propósito dos seus direitos fundamentais como trabalhadores, hem? É que também são jovens que trabalham a recibos verdes, sem qualquer contrato nem garantias de permanência (não sei se estão a ver as semelhanças por demais ÓBVIAS dos dois casos...)
Isto para não falar de situações perfeitamente revoltantes como a discriminação territorial que o nosso portugalinho ainda é tão profícuo - cabe na cabeça de alguém que um Engenheiro Informático se licencie com média de 15 no Porto (tendo tido 19 no projecto final) e fique 6 MESES desempregado porque se muda para Lisboa onde dão, invariavelmente, prioridade a finalistas do Técnico (ainda que com médias e performances inferiores)? Rica meritocracia!

segunda-feira, março 27, 2006

 

MFA's - a saga continua...

Relançando um tema há dias proposto:«O que move as diferentes campanhas de sensibilização para crianças-doentes-idosos, o reconhecimento de quem as anuncia ou a consciência de que cada vez mais de nós caminham para uma situação de risco?» (Ufa!, que este era longo-tens de ir com calma Gonçalo, senão dás-me cabo dos dedos, para além dos neurónios..)
Para ser sincera, não notei nenhum novo "surto" de movimentos a este respeito - programas governamentais e presidenciais à parte,claro, que isso não passa de «fogo de vista» - para além das já tão tristes quanto habituais recolhas de medicamentos e alimentação para Angola e outros PALOP's ameaçados por doenças como a cólera, dos peditórios da "Cáritas" ou dos cartões da UNICEF, discordo com a ideia de estarmos perante uma sociedade mais solidária.
A menos que te refiras mesmo às acções desenvolvidas pelo Governo, mas aí é «uma no cravo, outra na ferradura», porque se a extensão do horário escolar e inglês obrigatório está muito bem, os cortes nas pensões e reformas, assim como (des)comparticipação de medicamentos é duma javardice que não tem classificação possível...
Assim, e em jeito de conclusão, não penso que se estejam (finalmente!) reconhecendo a existência de faixas carenciadas na nossa sociedade, tão pouco que haja uma consciencialização que um dia todos nós correremos o risco de sermos «marginalizados». O que há é «muita parra e pouca uva», muita conversa fiada, muito dinheiro (mal) gasto - a propósito disto, ver a sova que a "Boca do Inferno" dá esta semana, n'«A Visão», relacionada com o lobby políticos/futebol/construcção civil - e muito pouco feito.

domingo, março 26, 2006

 

(H)A Vida depois da Morte

É em homenagem a uma amiga que muito gosto - a"flor"mais bonita do meu jardim:) -,e também porque admiro a sua coragem e postura perante o dia a dia que hoje resolvo dedicar o meu comentário a este tema.
Assuntos como este dão «pano para mangas», não me passa pela cabeça exaustificá-lo, mas tão só "roçar" ao de leve nele;
Não sendo católica praticante - porventura passando até por uma fase algures entre o agnóstico e o ateu - considero de extrema dificuldade compatibilizar a religião com a racionalidade. Tão mais complicada é essa tarefa quanto mais inteligente a pessoa é, pois quanto mais se cultiva e questiona sobre o mundo à sua volta, mais dúvidas e incompatibilidades vai encontrar contra a doutrina cristã.
No entanto, há que reconhecer que a religião e a espiritualidade em geral, são excelentes escapes (ou bengalas, como lhe quiserem chamar, mas nunca no sentido prejurativo) de evasão e auto-ajuda, onde nos podemos apoiar em momentos dificeis das nossas vidas. Como a morte de entes queridos ou de amigos próximos.
Da mesma maneira que, presumo, conforte bastante acreditar que existe um sentido na vida que levamos e naquilo que fazemos, assim como considerar esta vivência uma etapa de passagem para algo de superior/sublime que se segue.
Talvez por isso tantas vezes me sinta sozinha e desamparada. Se calhar, acreditanto em Deus não era assim. Mas isso não depende de mim, se tiver de voltar a ser crente, serei - é como forçar o Amor a acontecer. Isso não são coisas que se planeiem, dão-se e pronto.
De qualquer maneira, obrigada Rosa pela tua amizade, assim como pelo testemunho de Fé que és.

p.s.Gonçalo, não me esqueci das propostas que adiantaste; temas contemporâneos como as reformas da educação e da terceira idade, assim como das convulsões sociais em França estão na ordem do dia são importantes e serão lançados, é tudo uma questão de dias...

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