sexta-feira, setembro 22, 2006

 

Benvindo Sro Outono!

Vejam aqui, está óptimo - eu assino e subcrevo na íntegra.

segunda-feira, setembro 18, 2006

 

«Volver»

O filme conta a história de duas irmãs, R. e C., e das dificuldades por que passam nas respectivas vidas. R. é empregada de limpeza, casada com um desempregado e mãe de P., uma adolescente com 14 anos. C. tem um cabeleireiro ilegal montado na própria casa desde que o marido a abandonou dois anos atrás.
Um certo dia, a mãe de ambas - supostamente morta - regressa para ajudar as filhas a superarem os obstáculos do dia-a-dia.
Filmado num desolador e paupérrimo subúrbio de Madrid, onde a esperança de ter uma vida melhor parece morta à nascença, «Volver» transmite-nos optimismo e simpatia para com os personagens, através dum forte elo de solidariedade feminina que se estabelece entre eles, alternando momentos de riso hilariantes com cenas duma crueza trágica.
De volta com o elenco de serviço do costume, Almodôvar anima-nos ao devolver-nos Penélope Cruz de regreso ao cinema "à sério", depois dos últimos fimes «cor-de-rosa», tão à Hollywood que a actriz tem protagonizado.
Para os fãs do realizador, que aqui volta no seu melhor... imperdível!

 

Ainda sobre picanços jornalísticos

Acho muito democrático da parte dos jornais – diários e semanários – que nos assolam e por vezes forçam até a entrada em nossa casa, com ofertas de vídeos para a família, enciclopédias para os pais mais eruditos, receitas de cozinha para as mães mais extremosas, cadernetas de autocolantes, ímanes e pulseiras para os miúdos, partilharem publicamente as suas desavenças e respectivas farpas com o público que, afinal, sempre é quem os sustenta:
Na semana passada, Vasco Pulido Valente (VPV) escreveu, na sua crónica habitual de domingo n’«O Público» que achava muito mal que PS e PSD se entendessem num pacto referente à Justiça, defendendo depois, à laia de «cada macaco no seu galho», que Governo era Governo, oposição era oposição, e era muito saudável haver sempre esta dialéctica constante que – apesar de gastar um dinheirão aos contribuintes e nunca dar em nada – (o comentário é meu, não de VPV) só assim justificava o «vivermos em democracia».
Quatro dias mais tarde, sai a «Visão», onde no barómetro dos feitos da semana coloca Marques Mendes e Sócrates em altas, com uma setinha verde apontada para cima, elogiando a maturidade dos líderes dos respectivos partidos principais, em terem-se posto de acordo superando as eventuais diferenças ideológicas em prol do «Bem da nação».
Até aqui nada contra. É normal as pessoas terem ideias diferentes, e natural que as manifestem. Mais à frente, num artigo de opinião pessoal de Pedro Camacho (PC), este vem-se juntar à facção desta segunda maneira de ver as coisas, acrescentando no final algo de tão democrático quanto de bom-tom (reproduzo ipsis verbis, uma vez que tenho a revista à frente do nariz «O que não consigo perceber é que exista ainda muito boa gente que olhe para um acordo (…) como se este só por si constituísse um crime contra a democracia. E o pior de tudo é que acreditam mesmo naquilo que dizem. Será que algum dia vão perceber (…) que é preferível…?» Criticam muitas vezes VPV pela arrogância, pessimismo e elitismo no que escreve, mas neste caso, PC não lhe fica nada atrás. Presunção e água benta…

 

O nascer do «Sol»

Sexta-feira à noite liguei a televisão e fui brindada com (mais) uma hilariante reportagem TVI/Jornal Nacional, onde uma jornalista de microfone em punho e ar grave e sério, de quem narra um assunto de Estado, de suprema importância nacional, emitia em directo duma tipografia nos arredores de Lisboa, e dizia mais ou menos isto: «Hum…ora boa noite senhores telespectadores, estamos…hum em directo para o Jornal Nacional da secção tipográfica do “Sol” onde podemos ver…hum já os novos cadernos a serem impressos, hum…»
E a imagem focava as folhas a rodarem a toda a velocidade nas prensas. E ela prosseguia: «Hum…ora vou passar a entrevistar o Sro X (não recordo agora o nome), responsável por esta secção do jornal, hum… então como é que isto está a correr? Os cadernos estão a sair no horário previsto?»
E lá vinha o Sro x, com um ar meio divertido (provavelmente por estar a aparecer na televisão), a dizer que estava a correr tudo bem, que os cadernos iam correndo (e o operador de câmara lá focava novamente os rolos a girarem freneticamente), que o semanário se iria estrear no prazo previsto, a jornalista agradece-lhe e despede-se, e passa a uma nova (e original!) fase da peça onde diz: Pois bem, hum…depois destas declarações do Sro X vemos que…hum tudo corre como o previsto e…hum além podemos ver alguns dos suplementos já impressos e empilhados (nova rotação da câmara para uma molhada de papel às cores) e…hum penso que é tudo, amanhã então esperamos pelo «Sol».
Uma reportagem e pêras, repleta de novas e interessantes informações, porque ninguém conseguia nem imaginar que um jornal precisasse de ser impresso e (pasme-se!) encadernado.
No dia seguinte, o «Sol» encontrara apenas algumas dificuldades na distribuição, uma vez que – por exemplo – em Vilamoura, às 10 horas ainda não havia quiosque que o tivesse, dizendo o jornaleiro que era melhor voltar «…lá pras onze e meia, meio-dia menina». Espera-se que não tenham encontrado os quatro pneus das carrinhas furados pela concorrência à hora da partida, porque pelo conteúdo do interior… Senão, vejamos:
Numa tira de banda desenhada de humor «escuro-a-resvalar-para-o-negro» podem ver-se dois amigos em que um diz para o outro «Sabes que agora vai sair um novo jornal só com necrologia?». «A sério?», pergunta-lhe o outro «Mas tu achas que isso vende?». «Não sei», responde o primeiro «A menos que…tive uma ideia! E se, juntamente com ele oferecêssemos também um DVD?»
Projecto de vingança pessoal do director do «Sol» à parte, penso que é de algum excesso de confiança (e até de arrogância), subestimar o adversário («Expresso»). Especialmente quando ainda só se vai na primeira volta. A ver vamos, quem se rirá melhor no fim.

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