segunda-feira, setembro 18, 2006

 

O nascer do «Sol»

Sexta-feira à noite liguei a televisão e fui brindada com (mais) uma hilariante reportagem TVI/Jornal Nacional, onde uma jornalista de microfone em punho e ar grave e sério, de quem narra um assunto de Estado, de suprema importância nacional, emitia em directo duma tipografia nos arredores de Lisboa, e dizia mais ou menos isto: «Hum…ora boa noite senhores telespectadores, estamos…hum em directo para o Jornal Nacional da secção tipográfica do “Sol” onde podemos ver…hum já os novos cadernos a serem impressos, hum…»
E a imagem focava as folhas a rodarem a toda a velocidade nas prensas. E ela prosseguia: «Hum…ora vou passar a entrevistar o Sro X (não recordo agora o nome), responsável por esta secção do jornal, hum… então como é que isto está a correr? Os cadernos estão a sair no horário previsto?»
E lá vinha o Sro x, com um ar meio divertido (provavelmente por estar a aparecer na televisão), a dizer que estava a correr tudo bem, que os cadernos iam correndo (e o operador de câmara lá focava novamente os rolos a girarem freneticamente), que o semanário se iria estrear no prazo previsto, a jornalista agradece-lhe e despede-se, e passa a uma nova (e original!) fase da peça onde diz: Pois bem, hum…depois destas declarações do Sro X vemos que…hum tudo corre como o previsto e…hum além podemos ver alguns dos suplementos já impressos e empilhados (nova rotação da câmara para uma molhada de papel às cores) e…hum penso que é tudo, amanhã então esperamos pelo «Sol».
Uma reportagem e pêras, repleta de novas e interessantes informações, porque ninguém conseguia nem imaginar que um jornal precisasse de ser impresso e (pasme-se!) encadernado.
No dia seguinte, o «Sol» encontrara apenas algumas dificuldades na distribuição, uma vez que – por exemplo – em Vilamoura, às 10 horas ainda não havia quiosque que o tivesse, dizendo o jornaleiro que era melhor voltar «…lá pras onze e meia, meio-dia menina». Espera-se que não tenham encontrado os quatro pneus das carrinhas furados pela concorrência à hora da partida, porque pelo conteúdo do interior… Senão, vejamos:
Numa tira de banda desenhada de humor «escuro-a-resvalar-para-o-negro» podem ver-se dois amigos em que um diz para o outro «Sabes que agora vai sair um novo jornal só com necrologia?». «A sério?», pergunta-lhe o outro «Mas tu achas que isso vende?». «Não sei», responde o primeiro «A menos que…tive uma ideia! E se, juntamente com ele oferecêssemos também um DVD?»
Projecto de vingança pessoal do director do «Sol» à parte, penso que é de algum excesso de confiança (e até de arrogância), subestimar o adversário («Expresso»). Especialmente quando ainda só se vai na primeira volta. A ver vamos, quem se rirá melhor no fim.

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