quinta-feira, abril 20, 2006

 

Morangomania

Estava agora a folhear a "Visão" durante o coffee-break da manhã, eis senão quando me deparo com uma carta deliciosa duma (decerto) professora assaz preocupada com os efeitos nefastos da série "Morangos com Açúcar" (MCA) - pasme-se - ... para os ADULTOS!
Passo a transcrever alguns excertos (salvaguardados os devidos direitos de autor, bem entendido):
«Já se impunha que a série MCA tomasse um lugar importante em cursos de formação de professores a fim(...) de se mostrar (...) o que não se deve fazer. Por exemplo, a professora de inglês não devia falar português nas aulas; a avaliação não devia ser praticada como arma repressiva,etc.etc. (...) No plano de gestão escolar (...) os casos disciplinares lembram julgamentos sumários sem passos fundamentais como inquéritos ou audiência de testemunhas (...) Será que nenhuma Associação de Professores ainda se deu conta deste fenómeno?»
Não, pelos vistos não. E até posso apostar porquê - quem é que consegue descortinar tão elaboradas críticas numa série ultra-light de entretenimento juvenil que dá diariamente ao fim da tarde? Se na carta não viesse referido o nome do programa, eu nem seria capaz de adivinhar qual era!
Não ponho em causa que MCA são um "boom" sociológico digno de estudo, mas não propriamente pelas razões descritas - quem é que se vai preocupar com os métodos de ensino da professora de inglês ou querer saber como funciona o Conselho Disciplinar duma escola? Será que esta leitora não percebe que miúdos de 12 e 13 anos que vêem MCA nunca perceberiam nada se a malograda professora falasse o tempo todo em inglês? E que questões técnico-organizativas dum colégio não interessam nem ao menino jesus?
Concordo que MCA deviam ser alvo de vários ensaios até, mas acho mais preocupante a mensagem que transmitem sobre comportamentos adolescentes, em que todos curtem com todos, personagem sem namorado(a) é «persona non grata»/espécie de ET, sexo é o prato do dia TODOS OS DIAS, vestem-se como palhaços (eles), como lolitas (elas), pintam-se como se andassem numa prova de testes de maquilhagem e é esta geração «legalize» e supérfula que diariamente (e em dose dupla) influencia e desencadeia movimentos mimetistas nos jovens portugueses.

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