sábado, junho 24, 2006

 

Selecção, a quanto obrigas...

Sempre ouvi dizer que quem corre por gosto não cansa, mas também, o que é demais é moléstia, e antes que a leitura seja interrompida por indigestão-proverbial, passo a despejar o que aqui me trouxe hoje;
Na passada quarta-feira, resolvi ir com umas amigas ao Parque Mayer - agora que está tão na moda as mulheres & o futebol, e já que faltámos a esse recorde prodigioso de conseguir uma catadupa de senhoras desmaiadas, afrontadas e espezinhadas no Estádio Nacional, à conta da «Bandeira Humana» - ver o Portugal # México.
Ainda mal ultrapassara a ombreira do arco da entrada, já me dera o fanico pelo aspecto degradante da coisa: AQUELE monte de destroços a caírem de podres, com um palco todo mal amanhado e um ecrã gigante do tamanho de muitos plasmas caseiros é que era o sítio «oficial» para vermos os jogos do Mundial em Lisboa?! Claro que uma obra a 100% nunca seria possível a tempo de ficar concluída para o início desta disputa desportiva, mas já que aquele fora o recinto escolhido para as transmissões em directo, um bocado mais de decoro seria apreciado!
O sol queimava impiedoso, alto no céu às três da tarde. Os corpos compactavam-se uns contra os outros transpirados, a tresandarem a cerveja, e das bocas saiam os piores despautérios, apesar de estarmos a ver um jogo quase amigável, onde a vitória nem era para nós necessária.
No intervalo já estava desidratada pela falta de lugares à sombra. Uma minoria de SEIS (rigorosamente contados a dedo) mexicanos ficaram no auge aquando da marcação do golo, sendo as suas vozes de imediato abafadas por insultos e palavrões «locais». É deslumbrante, de facto, o «fair play» e desportivismo com que encaramos as competições de nível internacional (de volta ao que escrevi no último post, a propósito do mundo se vir a parecer com um Mundial, nem sei como é que ainda não pensámos nisso antes...!). Se há expulsões de jogadores da equipa contrária, aplaudimos euforicamente; quando se marca um penalti a nosso favor, a mesma coisa; quando um cartão amarelo é mostrado ao adversário, batem-se palmas;
Realmente, ainda existem algumas semelhanças do futebol com o mundo real, onde a satisfação decorrente do infortúnio dos outros chega a ser superior à busca da própria felicidade de muita gente. Uma pena.
Talvez da próxima vez que Portugal jogar vá até ao Porto - parece que no Castelo no Queijo até se está bastante bem, sentadinho numas bancadas, com a brisa do mar e a praia como pano de fundo. E no fim, uma ida às francesinhas, ai Selecção!, a quanto obrigas...

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